A Austrália decidiu criar uma das leis mais rígidas do mundo contra o uso de redes sociais por menores de idade. Desde dezembro de 2025, jovens com menos de 16 anos não podem mais ter contas em aplicativos como Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, Snapchat, X e vários outros. A responsabilidade não é dos pais e nem das crianças, mas sim das próprias plataformas, que são obrigadas a impedir que menores criem perfis ou continuem usando contas já existentes. Caso não cumpram essa regra, as empresas podem receber multas altíssimas. O objetivo da lei é proteger crianças e adolescentes dos efeitos negativos que as redes sociais podem causar, como conteúdos violentos, pressão estética, cyberbullying, comparações constantes e impactos sérios na saúde mental. O governo australiano explica que não quer proibir a internet, e sim atrasar o acesso às redes sociais até que a pessoa tenha maturidade suficiente para lidar com esse ambiente.
Essa decisão surgiu depois de muitos estudos mostrando que o uso precoce e exagerado das redes está ligado a aumento de ansiedade, baixa autoestima, dificuldades escolares e até problemas de socialização. A ideia é que, antes dos 16 anos, o jovem ainda está desenvolvendo a personalidade, emoções e visão de mundo, e pode ser facilmente influenciado. Mesmo que alguns adolescentes se sintam excluídos por não poder usar redes sociais, a Austrália considera que a proteção deve vir primeiro, e que a vida real, as amizades pessoais e o tempo livre fora das telas são mais importantes nessa fase da vida.
Quando comparamos essa situação com o Brasil, a diferença é enorme. Aqui, não existe nenhuma lei que proíba menores de 16 anos de usar redes sociais. Crianças e adolescentes podem criar contas livremente, dependendo apenas das regras internas de cada plataforma, que raramente são fiscalizadas. Na prática, vemos crianças de 8, 9 ou 10 anos usando TikTok, Instagram e outras redes sem qualquer controle rigoroso. No Brasil, tudo depende da orientação e da supervisão dos pais, o que nem sempre acontece. Por causa disso, muitos jovens acabam expostos a conteúdo adulto, desafios perigosos, influenciadores que promovem comportamentos ruins e situações de bullying e humilhação virtual.
Se o Brasil adotasse uma medida parecida com a da Austrália, provavelmente haveria muita discussão. Por um lado, seria uma forma de proteger crianças e adolescentes de riscos reais. Por outro, o país tem desafios sociais grandes, como falta de acesso à informação, pouca educação digital e pais que trabalham o dia todo e não conseguem acompanhar o que os filhos fazem online. Mesmo assim, a discussão é importante, porque os efeitos das redes sociais já estão sendo sentidos nas escolas, nas famílias e na saúde mental das novas gerações.
A decisão da Austrália mostra que o mundo está começando a enxergar as redes sociais não só como entretenimento, mas como algo que pode afetar profundamente o desenvolvimento dos jovens. No Brasil, talvez não seja necessário copiar a lei exatamente como é, mas já passou da hora de debater formas de proteger nossas crianças. Seja com leis, seja com educação digital, seja com orientação familiar, o importante é entender que redes sociais não são inofensivas, e que a saúde e o bem-estar dos jovens precisam vir antes de curtidas, seguidores e modinhas passageiras.




